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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O poeta



Parece estar

mais próximo do outro mundo. Está.

Quando dorme a profundeza do sono

o poeta rompe a porta das coisas

e vai às ilhas que ninguém conhece.

Vê na flor não o que a flor não é.

Vê na flor o singelo encanto

e furta das pétalas a luz do dia.

A lamparina acesa atravessa a madrugada.

Junta o alfarrábio e o tinteiro à escrivaninha.

Tece metáforas em silêncio

como se contasse segredos a ninguém.

Consigo já não pode. Nem com os demais.

Chora aqueles que perderam a amada.

Sente na mão a dor das chagas,

porque nele todas as dores se encontram.

Nasce a poesia.

E o poeta devolve às pétalas

a luz do dia

tecida em palavras.
(
Rudinei Borges)